23.12.10
Natal!
Por VALÉRIA SOARES
VALÉRIA SOARES é Musicoterapeuta, escritora e estudante de psicologia em São Pauolo, Brasil. Seu mais recente livro é "O Diário de uma Anoréxica".
Autora do Coluna "Escrevendo sobre Musicoterapia e Psicologia" no ZWELA ANGOLA
Por VALÉRIA SOARES
VALÉRIA SOARES é Musicoterapeuta, escritora e estudante de psicologia em São Pauolo, Brasil. Seu mais recente livro é "O Diário de uma Anoréxica".
Autora do Coluna "Escrevendo sobre Musicoterapia e Psicologia" no ZWELA ANGOLA
No Natal algumas pessoas esperam anciosas por esta data, outras gostariam de poder dormir dois dias antes do Natal e acordar depois do Ano Novo.
Para uns a felicidae é total, para outras o grau de angústia vivida ao longo dos anos os fazem odiar esta data.
Eu particularmente não gostava destas festas de fim de ano, cresci numa familia onde os valores nunca era exatamente o que o Natal significava - o nascimento de Jesus - e sim o um motivo para gastos excessivos e comilança.
Nunca nem na hora da Ceia de Natal uniamos nossas mãos e rezavamos agradecendo e dando Graças aos Céus por estarmos vivos e com saúde. Pelo contrário, o dia começava na ansiedade da preparação da comilança (todos os tipos de comida quealguém possa imaginar havia no meu Natal).
Além disso os pacotes de presentes invadiam a sala inteira e era colocado como principal atração.
Era muito engraçado que mesmo criança eu nem ligava para os presente que eu ia ganhar (acho que eu sempre fui diferente nos valores que dava a tudo que se passsava na minha vida eu me achava a própria ovelha negra da familia, pois sempre meus sentimentos vinham ao contrários de todos).
A cada ano que vinha eu detestava esta data e o que disse acima aconteceu por muitos anos na minha vida, se eu pudesse dormir no dia 23 de dezembro e acordar no dia 2 de janeiro de cada ano vivido, seria uma “Benção de Deus”.
Como nunca consegui esta proesa eu tinha que aguentar tudo quieta, mas participava deste momento insuportável pra mim.
Nunca deixei transparecer aos meus filhos o que eu sentia com relação a tudo que vivi na infância e adolescência, mas fui colocando valores diferentes dentro deles.
E fui percebendo que eles amavam o Natal e que o consumismo fazia parte desta data, mas tudo tinha “um limite”.
Meus filhos foram vendo que a união familiar, o amor explicito entre nós era o mais importante e que não havia a necessidade de fazermos 20 tipos de pratos diferentes e sobremesas para a Ceia de Natal. Poderiamos escolher algo que agradasse a todos, é claro que os presentes fazem parte (é a parte que minha filha mais curte – é bem engraçado isso).
Mas vi que construimos pensamentos e sentimentos totalmente iguais sobre o Natal.
O fato de todos estamos juntos é primordial, não importa se vai ter um salmão com alcaparras ou pão com manteiga na ceia de Natal.
O mais lindo mesmo é ver e saber que todos fazem muita força para estarmos em “familia” neste momento.
Familia são pessoas que se unem por laços afetivos e que costumam compartilhar do mesmo teto, ou já se casaram e a nesta hora a familia aumenta com genros e noras.
Pelo menos esta é uma definição bem simplificada de “familia”.
Em alguns lares os laços são eternos e a palavra “familia” vem em primero lugar a cada gesto e a cada pensamento.
Em outros lares e encantamento do amor foi transformado em tristeza e odio e muitos se perderam no caminho que chamo de “familia”.
Familia é algo complicado as vezes de definir, mas o contexto ao meu ver é que é a familia que nunca vai nos deixar, é a familia que conhece nosso cheiro, nosso pensamento e nossos sentimentos.
Mas familia é igual o amor, é uma sementinha que precisa de água a cada momento para que ela cresça com confiança e com amor pleno.
Dentro de uma familia muitos tem pensamentos diferentes, mas o que tem que prevelecer é o respeito.
Viver o Natal com a sua familia, com as pessoas que a gente ama é perfeito.
Saber dar valor a estes momentos únicos na nossa vida nos faz ter lembranças inesquecíveis para toda uma vida.
As vezes as pessoas se deixam levar umas pelas outras mas não pensam exatamente no contexto do “Natal”.
Veja e reveja seus pensamentos e atitudes, agradeça o Deus por tudo que você tem . Independente de achar que tenha mais ou menos que outras pessoas.
Faça do seu Natal um momento feliz. Pense apenas que você estará vivendo um momento divino em todos os sentidos.
Desejo a vocês um Natal cheio de paz e que possam estar ao lado das pessoas que mais amam neste mundo.
Pois Natal pra mim é sinônimo de “Familia”, portanto se permita ser feliz, apenas feliz podendo estar em estado de graça.
Feliz Natal e um grande beijo.
Por VALÉRIA SOARES
VALÉRIA SOARES é Musicoterapeuta, escritora e estudante de psicologia em São Pauolo, Brasil. Seu mais recente livro é "O Diário de uma Anoréxica".
Autora do Coluna "Escrevendo sobre Musicoterapia e Psicologia" no ZWELA ANGOLA. Visite o Site da Valéria Soares.
18.11.10
Os extremos opostos do IDH 2010
Por Professor Paulo Galvão Júnior, Economista
e Professor Marcus de Oliveira, Economista
O tema aqui trabalhado foca os extremos opostos do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); estudo esse embasado nos dados do Relatório do Desenvolvimento Humano 2010, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da Organização das Nações Unidas (ONU),
Por Professor Paulo Galvão Júnior, Economista
e Professor Marcus de Oliveira, Economista
O tema aqui trabalhado foca os extremos opostos do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); estudo esse embasado nos dados do Relatório do Desenvolvimento Humano 2010, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da Organização das Nações Unidas (ONU), que procura mensurar o grau de desenvolvimento humano dos países levando-se em consideração três diferentes combinações: 1. Uma vida longa e saudável: envolvendo a esperança de vida ao nascer; 2. O acesso ao conhecimento: envolvendo os anos médios de estudo e anos esperados de escolaridade; e, por fim, 3. Um padrão de vida decente: observando o comportamento do Rendimento Nacional Bruto per capita, pela paridade do poder de compra (PPC).
O IDH varia entre 0 (pior situação) e 1 (melhor situação). A atual classificação do IDH pelo PNUD abrange quatro categorias de países: baixo desenvolvimento humano; médio desenvolvimento humano; alto desenvolvimento humano; e muito alto desenvolvimento humano.
Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano 2010 (2010, p.8), “O desenvolvimento humano não tem a ver apenas com saúde, educação e rendimento – têm também a ver com o envolvimento ativo das pessoas na definição do desenvolvimento, da equidade e da sustentabilidade, aspectos intrínsecos da liberdade de que desfrutam para conduzirem as vidas que têm motivos para valorizar”.
O Quadro 1, de forma breve, pontua alguns indicadores dos mais relevantes desse último Relatório do PNUD, destacando o melhor e o pior país em variáveis que vão da esperança de vida ao nascer ao Rendimento Nacional Bruto per capita.
Quadro 1. Melhores e Piores Países no Índice de Desenvolvimento Humano Mundial
Nesse ano de 2010, comemorando 20 anos de estudos realizados pelo PNUD, foram avaliados 169 países. O destaque fica por conta da Noruega: o melhor IDH do mundo, com índice de 0,938. O pior IDH ficou com o Zimbábue, com apenas 0,140; portanto, muito próximo de zero, evidenciando um elevado grau de desigualdade em termos de desenvolvimento humano, econômico e social. A diferença entre os dois extremos é da ordem de 0,798.
O que pode explicar tamanha diferença entre o melhor e o pior IDH? País membro da União Européia (UE), dona de uma economia baseada na produção de petróleo, de gás natural, de celulares e da pesca, a Noruega tem se destacado no aspecto econômico e social a partir de políticas bem definidas, priorizando a boa governança em termos do gasto público. As principais atividades industriais do país passam pelo processamento de alimentos, construção naval, metais, produtos químicos, mineração, produtos de papel e, como dissemos, a atividade pesqueira. Além disso, a Noruega conseguiu manter sua economia próxima ao modelo social escandinavo baseado na saúde universal, no ensino superior subsidiado (taxa de alfabetização de 99%), e em um regime compreensivo de previdência social. Na ponta final, exibe um Rendimento Nacional Bruto per capita de 58.810 dólares pelo critério PPC. Possui uma população da ordem de 4,8 milhões de habitantes (dados de 2009).
Já o Zimbábue (antiga Rodésia), é dono do pior IDH do planeta, apurado pelos estudos recentes do PNUD. País pobre, o Zimbábue, a muito custo, tem integrado as fileiras da União Africana (UA). Desde 1987 o presidente Robert Gabriel Mugabe decide tranquilo e soberano o destino dessa República. A população é de 12,5 milhões de habitantes (dados de 2009). A criação de gado bovino e a cultura do tabaco constituem as principais riquezas econômicas do país. Alguns anos atrás, o Zimbábue conviveu com uma combinação perversa na economia que, por pouco, não fez o país explodir: a inflação oficial, em 2008, disparou a 2.200.000% (dois milhões e duzentos mil por cento), a mais alta do mundo, e provocou, por consequência, escassez de alimentos e de moeda estrangeira. O dólar zimbabuano, na época, teve dez zeros removidos do valor monetário. Dez bilhões de dólares zimbabuanos, na ocasião, foram reduzidos para 1 dólar. Isso, por si só, evidencia o motivo principal do Zimbábue ocupar, nesse estudo recente, a última posição no ranking mundial do desenvolvimento humano.
Quanto a melhor esperança de vida ao nascer do mundo, essa marca honrosa fica com o Japão; são 83,2 anos. Nesse mesmo quesito, o Afeganistão tem a pior expectativa de vida ao nascer, com apenas 44,6 anos. Reparem que a diferença entre Japão e Afeganistão chega a quase 39 anos.
A população japonesa, com base em dados de 2009, é de 127,2 milhões de habitantes. O Japão, pela riqueza econômica que apresenta, integra as fileiras do Grupo dos Oito (G-8) e do Grupo dos Vinte (G-20) – grupo que congrega as principais economias do mundo. Esse país está em paz desde 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45). E não há nada melhor do que a paz para assegurar um tempo mais elevado na vida das pessoas; que o diga o filósofo francês Jean-Paul Sartre: “Quando os ricos fazem as guerras, são os pobres que morrem”.
Já o Afeganistão, nesse pormenor, vive momento diverso ao do Japão: o país está em guerra desde 1979, ano em que foi invadido pelos soldados e tanques da ex-União Soviética. As ruas de Cabul, capital do país, em pleno século XXI, mais se parecem a uma praça de guerra. Atualmente, estima-se em mais de cem mil soldados estrangeiros liderados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) que ora ocupam os principais pontos desse país islâmico, com 28,2 milhões de habitantes (dados de 2009), numa tentativa frenética de lutar contra grupos rebeldes, leia-se: Taliban, destituído do poder em fins de 2001.
Em relação aos anos de estudos
Analisando os extremos opostos no indicador - anos médios de estudo -, observamos que o melhor país é a Noruega com 12,6 anos. Já o pior país, nesse quesito, é Moçambique, com apenas 1,2 ano médio de estudo. Na comparação exclusiva entre esse país europeu versus o país africano, a diferença é de gritantes 11,4 anos.
Chama nossa atenção nos dados apontados pelo PNUD à situação de Moçambique, país de economia pobre, integrante da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Essa ex-colônia portuguesa tem elevada taxa de analfabetismo, quase 50% da população adulta, para uma população total de 22,9 milhões de habitantes (dados de 2009).
É forçoso ressaltar a melhor situação mundial no indicador anos esperados de escolaridade. Nesse aspecto, o primeiro lugar pertence à Austrália, com 20,5 anos. Integrante da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC), a Austrália conta com 21,3 milhões de habitantes (dados de 2009). Já a pior situação nesse relevante indicador ficou com Níger, com apenas 4,3 anos. A diferença entre esses dois países chega a incríveis 16,2 anos.
Sobre Níger, é oportuno pontuar que essa dificuldade no setor de educação pode estar intimamente relacionada aos conflitos políticos que imperam nessa nação africana de 15,3 milhões de habitantes (dados de 2009). Militares tiraram do poder o presidente Mamadou Tandja, em fevereiro de 2010. O governo do Níger, desde então, passou para as mãos de Salou Djibo.
Em termos do indicador Rendimento Nacional Bruto (RNB) per capita, a melhor colocação no ranking mundial pertence a Liechtenstein com US$ 81.011 (dados de 2008). Enquanto o pior RNB per capita encontra-se com o Zimbábue (US$ 176). Ocupando os extremos opostos, a diferença entre esses países chega a US$ 80.835 PPC.
Ressaltamos, ademais, que o Principado de Liechtenstein é um dos menores países da Europa com apenas 160 km2. A população liechtensteinense é de apenas 36 mil habitantes (dados de 2008).
Por esses dados estatísticos, fica aqui comprovado uma vez mais que existem, indubitavelmente, dois ou mais mundos diametralmente opostos - o dos ricos e o dos pobres. Nesses casos, os extremos opostos são evidentes. As causas e os efeitos? Pobreza, miséria, corrupção, analfabetismo, má gestão pública, hiperinflação, ditadura e o não acesso aos serviços de educação e saúde de qualidade, elementos esses capazes de prolongar a vida dos mais necessitados.
É necessário, contudo, analisar os extremos opostos do IDH 2010 para possibilitar e potencializar a capacidade de mudança que urge, em vários lugares, caso a perspectiva seja àquela que todos anseiam: valorizar a vida para viver uma vida equilibrada e mais feliz.
Ainda de acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano 2010 (p. 9-10), nesse ínterim, é oportuno destacar que “(...) talvez o maior desafio à manutenção do progresso do desenvolvimento humano venha da insustentabilidade dos padrões de produção e consumo. Para que o desenvolvimento humano se torne verdadeiramente sustentável, a ligação íntima entre o crescimento econômico e as emissões de gases com efeito estufa tem de ser cortada. Alguns países desenvolvidos já começaram a atenuar os piores efeitos através da reciclagem e do investimento em infraestruturas e transportes públicos. Mas a maioria dos países em vias de desenvolvimento é entravada pelos elevados custos e pela baixa disponibilidade de energia limpa”.
Para efeito de melhor visualização de nossa situação, o Quadro 2, construído a partir do estudo aqui referenciado, destaca a posição brasileira.
Quadro 2. Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil
Para finalizar, é mister salientar que o Brasil ocupa, como apontado no quadro, a 73ª posição no ranking mundial do IDH dentre 169 nações estudadas. Os dados que cabem ao Brasil mostram, na essência, um pouco dos desafios que esperam à próxima administração da presidenta Dilma Housseff, a partir de janeiro de 2011.
Foge, no entanto, do escopo do corrente texto, uma opinião mais pormenorizada sobre os dados do Brasil no IDH, atualmente “classificado” como país emergente e de alto desenvolvimento humano. Essa análise mais detalhada é tarefa para um próximo artigo, a julgar a combinação de acontecimentos que decorrerão da atual “guerra cambial” que, ao que tudo indica, está apenas começando.
Referências Bibliográficas:
ALMANAQUE ABRIL 2010. AFEGANISTÃO. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.378-379.
____________________. AUSTRÁLIA. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.395-396.
____________________. JAPÃO. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.515-517.
____________________. LIECHTENSTEIN. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, p.528.
____________________. MOÇAMBIQUE. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.545-546.
____________________. NÍGER. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.554.
____________________. NORUEGA. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.556.
____________________. ZIMBÁBUE. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.626-627.
PNUD. Relatório do Desenvolvimento Humano 2010. A Verdadeira Riqueza das Nações: Vias para o Desenvolvimento Humano.
Disponível em: Aqui!. Acesso em 06 de novembro de 2010.
Os Autores:
Professor Marcus de Oliveira é economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo - Brasil. Ele é articulista de economia publicados em toda a Lusofonia. Seu mais recente livro é “Pensando como um Economista”. Autor do Coluna, "Conversando sobre Economia" no ZWELA ANGOLA. Visite o Blog do Prof. Marcus Eduardo de Oliveira
Paulo Galvão Júnior é economista brasileiro e Agente em Política Industrial. Autor do livro digital de Economia “RBCAI” e de artigos publicados no Brasil e no exterior, com destaque no site em português do jornal russo Pravda.
Fonte: ZWELA ANGOLA
e Professor Marcus de Oliveira, Economista
O tema aqui trabalhado foca os extremos opostos do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); estudo esse embasado nos dados do Relatório do Desenvolvimento Humano 2010, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da Organização das Nações Unidas (ONU),
Por Professor Paulo Galvão Júnior, Economista
e Professor Marcus de Oliveira, Economista
O tema aqui trabalhado foca os extremos opostos do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); estudo esse embasado nos dados do Relatório do Desenvolvimento Humano 2010, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), da Organização das Nações Unidas (ONU), que procura mensurar o grau de desenvolvimento humano dos países levando-se em consideração três diferentes combinações: 1. Uma vida longa e saudável: envolvendo a esperança de vida ao nascer; 2. O acesso ao conhecimento: envolvendo os anos médios de estudo e anos esperados de escolaridade; e, por fim, 3. Um padrão de vida decente: observando o comportamento do Rendimento Nacional Bruto per capita, pela paridade do poder de compra (PPC).
O IDH varia entre 0 (pior situação) e 1 (melhor situação). A atual classificação do IDH pelo PNUD abrange quatro categorias de países: baixo desenvolvimento humano; médio desenvolvimento humano; alto desenvolvimento humano; e muito alto desenvolvimento humano.
Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano 2010 (2010, p.8), “O desenvolvimento humano não tem a ver apenas com saúde, educação e rendimento – têm também a ver com o envolvimento ativo das pessoas na definição do desenvolvimento, da equidade e da sustentabilidade, aspectos intrínsecos da liberdade de que desfrutam para conduzirem as vidas que têm motivos para valorizar”.
O Quadro 1, de forma breve, pontua alguns indicadores dos mais relevantes desse último Relatório do PNUD, destacando o melhor e o pior país em variáveis que vão da esperança de vida ao nascer ao Rendimento Nacional Bruto per capita.
Quadro 1. Melhores e Piores Países no Índice de Desenvolvimento Humano Mundial
Nesse ano de 2010, comemorando 20 anos de estudos realizados pelo PNUD, foram avaliados 169 países. O destaque fica por conta da Noruega: o melhor IDH do mundo, com índice de 0,938. O pior IDH ficou com o Zimbábue, com apenas 0,140; portanto, muito próximo de zero, evidenciando um elevado grau de desigualdade em termos de desenvolvimento humano, econômico e social. A diferença entre os dois extremos é da ordem de 0,798.
O que pode explicar tamanha diferença entre o melhor e o pior IDH? País membro da União Européia (UE), dona de uma economia baseada na produção de petróleo, de gás natural, de celulares e da pesca, a Noruega tem se destacado no aspecto econômico e social a partir de políticas bem definidas, priorizando a boa governança em termos do gasto público. As principais atividades industriais do país passam pelo processamento de alimentos, construção naval, metais, produtos químicos, mineração, produtos de papel e, como dissemos, a atividade pesqueira. Além disso, a Noruega conseguiu manter sua economia próxima ao modelo social escandinavo baseado na saúde universal, no ensino superior subsidiado (taxa de alfabetização de 99%), e em um regime compreensivo de previdência social. Na ponta final, exibe um Rendimento Nacional Bruto per capita de 58.810 dólares pelo critério PPC. Possui uma população da ordem de 4,8 milhões de habitantes (dados de 2009).
Já o Zimbábue (antiga Rodésia), é dono do pior IDH do planeta, apurado pelos estudos recentes do PNUD. País pobre, o Zimbábue, a muito custo, tem integrado as fileiras da União Africana (UA). Desde 1987 o presidente Robert Gabriel Mugabe decide tranquilo e soberano o destino dessa República. A população é de 12,5 milhões de habitantes (dados de 2009). A criação de gado bovino e a cultura do tabaco constituem as principais riquezas econômicas do país. Alguns anos atrás, o Zimbábue conviveu com uma combinação perversa na economia que, por pouco, não fez o país explodir: a inflação oficial, em 2008, disparou a 2.200.000% (dois milhões e duzentos mil por cento), a mais alta do mundo, e provocou, por consequência, escassez de alimentos e de moeda estrangeira. O dólar zimbabuano, na época, teve dez zeros removidos do valor monetário. Dez bilhões de dólares zimbabuanos, na ocasião, foram reduzidos para 1 dólar. Isso, por si só, evidencia o motivo principal do Zimbábue ocupar, nesse estudo recente, a última posição no ranking mundial do desenvolvimento humano.
Quanto a melhor esperança de vida ao nascer do mundo, essa marca honrosa fica com o Japão; são 83,2 anos. Nesse mesmo quesito, o Afeganistão tem a pior expectativa de vida ao nascer, com apenas 44,6 anos. Reparem que a diferença entre Japão e Afeganistão chega a quase 39 anos.
A população japonesa, com base em dados de 2009, é de 127,2 milhões de habitantes. O Japão, pela riqueza econômica que apresenta, integra as fileiras do Grupo dos Oito (G-8) e do Grupo dos Vinte (G-20) – grupo que congrega as principais economias do mundo. Esse país está em paz desde 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45). E não há nada melhor do que a paz para assegurar um tempo mais elevado na vida das pessoas; que o diga o filósofo francês Jean-Paul Sartre: “Quando os ricos fazem as guerras, são os pobres que morrem”.
Já o Afeganistão, nesse pormenor, vive momento diverso ao do Japão: o país está em guerra desde 1979, ano em que foi invadido pelos soldados e tanques da ex-União Soviética. As ruas de Cabul, capital do país, em pleno século XXI, mais se parecem a uma praça de guerra. Atualmente, estima-se em mais de cem mil soldados estrangeiros liderados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) que ora ocupam os principais pontos desse país islâmico, com 28,2 milhões de habitantes (dados de 2009), numa tentativa frenética de lutar contra grupos rebeldes, leia-se: Taliban, destituído do poder em fins de 2001.
Em relação aos anos de estudos
Analisando os extremos opostos no indicador - anos médios de estudo -, observamos que o melhor país é a Noruega com 12,6 anos. Já o pior país, nesse quesito, é Moçambique, com apenas 1,2 ano médio de estudo. Na comparação exclusiva entre esse país europeu versus o país africano, a diferença é de gritantes 11,4 anos.
Chama nossa atenção nos dados apontados pelo PNUD à situação de Moçambique, país de economia pobre, integrante da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Essa ex-colônia portuguesa tem elevada taxa de analfabetismo, quase 50% da população adulta, para uma população total de 22,9 milhões de habitantes (dados de 2009).
É forçoso ressaltar a melhor situação mundial no indicador anos esperados de escolaridade. Nesse aspecto, o primeiro lugar pertence à Austrália, com 20,5 anos. Integrante da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC), a Austrália conta com 21,3 milhões de habitantes (dados de 2009). Já a pior situação nesse relevante indicador ficou com Níger, com apenas 4,3 anos. A diferença entre esses dois países chega a incríveis 16,2 anos.
Sobre Níger, é oportuno pontuar que essa dificuldade no setor de educação pode estar intimamente relacionada aos conflitos políticos que imperam nessa nação africana de 15,3 milhões de habitantes (dados de 2009). Militares tiraram do poder o presidente Mamadou Tandja, em fevereiro de 2010. O governo do Níger, desde então, passou para as mãos de Salou Djibo.
Em termos do indicador Rendimento Nacional Bruto (RNB) per capita, a melhor colocação no ranking mundial pertence a Liechtenstein com US$ 81.011 (dados de 2008). Enquanto o pior RNB per capita encontra-se com o Zimbábue (US$ 176). Ocupando os extremos opostos, a diferença entre esses países chega a US$ 80.835 PPC.
Ressaltamos, ademais, que o Principado de Liechtenstein é um dos menores países da Europa com apenas 160 km2. A população liechtensteinense é de apenas 36 mil habitantes (dados de 2008).
Por esses dados estatísticos, fica aqui comprovado uma vez mais que existem, indubitavelmente, dois ou mais mundos diametralmente opostos - o dos ricos e o dos pobres. Nesses casos, os extremos opostos são evidentes. As causas e os efeitos? Pobreza, miséria, corrupção, analfabetismo, má gestão pública, hiperinflação, ditadura e o não acesso aos serviços de educação e saúde de qualidade, elementos esses capazes de prolongar a vida dos mais necessitados.
É necessário, contudo, analisar os extremos opostos do IDH 2010 para possibilitar e potencializar a capacidade de mudança que urge, em vários lugares, caso a perspectiva seja àquela que todos anseiam: valorizar a vida para viver uma vida equilibrada e mais feliz.
Ainda de acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano 2010 (p. 9-10), nesse ínterim, é oportuno destacar que “(...) talvez o maior desafio à manutenção do progresso do desenvolvimento humano venha da insustentabilidade dos padrões de produção e consumo. Para que o desenvolvimento humano se torne verdadeiramente sustentável, a ligação íntima entre o crescimento econômico e as emissões de gases com efeito estufa tem de ser cortada. Alguns países desenvolvidos já começaram a atenuar os piores efeitos através da reciclagem e do investimento em infraestruturas e transportes públicos. Mas a maioria dos países em vias de desenvolvimento é entravada pelos elevados custos e pela baixa disponibilidade de energia limpa”.
Para efeito de melhor visualização de nossa situação, o Quadro 2, construído a partir do estudo aqui referenciado, destaca a posição brasileira.
Quadro 2. Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil
Para finalizar, é mister salientar que o Brasil ocupa, como apontado no quadro, a 73ª posição no ranking mundial do IDH dentre 169 nações estudadas. Os dados que cabem ao Brasil mostram, na essência, um pouco dos desafios que esperam à próxima administração da presidenta Dilma Housseff, a partir de janeiro de 2011.
Foge, no entanto, do escopo do corrente texto, uma opinião mais pormenorizada sobre os dados do Brasil no IDH, atualmente “classificado” como país emergente e de alto desenvolvimento humano. Essa análise mais detalhada é tarefa para um próximo artigo, a julgar a combinação de acontecimentos que decorrerão da atual “guerra cambial” que, ao que tudo indica, está apenas começando.
Referências Bibliográficas:
ALMANAQUE ABRIL 2010. AFEGANISTÃO. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.378-379.
____________________. AUSTRÁLIA. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.395-396.
____________________. JAPÃO. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.515-517.
____________________. LIECHTENSTEIN. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, p.528.
____________________. MOÇAMBIQUE. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.545-546.
____________________. NÍGER. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.554.
____________________. NORUEGA. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.556.
____________________. ZIMBÁBUE. São Paulo: Abril, 18 de dezembro de 2009, pp.626-627.
PNUD. Relatório do Desenvolvimento Humano 2010. A Verdadeira Riqueza das Nações: Vias para o Desenvolvimento Humano.
Disponível em: Aqui!. Acesso em 06 de novembro de 2010.
Os Autores:
Professor Marcus de Oliveira é economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo - Brasil. Ele é articulista de economia publicados em toda a Lusofonia. Seu mais recente livro é “Pensando como um Economista”. Autor do Coluna, "Conversando sobre Economia" no ZWELA ANGOLA. Visite o Blog do Prof. Marcus Eduardo de Oliveira
Paulo Galvão Júnior é economista brasileiro e Agente em Política Industrial. Autor do livro digital de Economia “RBCAI” e de artigos publicados no Brasil e no exterior, com destaque no site em português do jornal russo Pravda.
Fonte: ZWELA ANGOLA
26.10.10
Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
Correspondente Internacional, Zwela Angola
BRASILIA/BRASIL (ZWELA ANGOLA) - Com 494.598 presos, o Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, atrás somente dos Estados Unidos, com 2.297.400 de pessoas presas, e China, com 1.620.000.
A informação foi apresentada no Seminário Justiça em Números por Luciano Losekann, coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (DMF) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
Correspondente Internacional, Zwela Angola
BRASILIA/BRASIL (ZWELA ANGOLA) - Com 494.598 presos, o Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, atrás somente dos Estados Unidos, com 2.297.400 de pessoas presas, e China, com 1.620.000.
A informação foi apresentada no Seminário Justiça em Números por Luciano Losekann, coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (DMF) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Para Luciano Losekann, a Justiça Criminal é tratada dentro do Judiciário brasileiro, "como o primo pobre da jurisdição". "Os tribunais precisam planejar de forma mais efetiva o funcionamento da Justiça Criminal", afirmou.
Nos últimos cinco anos, o número de presos no Brasil aumentou 37%, o que representa 133.196 pessoas a mais nas penitenciárias. Losekann chamou atenção para o elevado número de presos provisórios existentes no País, 44% no total, segundo dados do Ministério da Justiça. Isso significa que 219.274 pessoas aguardam na prisão o julgamento de seus processos.
"O uso excessivo da prisão provisória no Brasil como uma espécie de antecipação da pena é uma realidade que nos preocupa. Os juízes precisam ser mais criteriosos no uso da prisão provisória", afirmou o coordenador do DMF.
A taxa de ocupação dos presídios brasileiros, de 1,65 preso por vaga, deixa o País atrás apenas da Bolívia, cujo índice é de 1,66. São Paulo é o Estado brasileiro com maior quantidade de encarcerados, seguido de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.
"A situação nos presídios levou o Brasil a ser denunciado em organismos internacionais. Falta uma política penitenciária séria", disse Losekann.
Uma das ações prioritárias estabelecidas neste ano para o Judiciário é reduzir a zero o número de presos em delegacias, que atualmente somam 57.195 detentos.
Ao traçar o perfil dos detentos brasileiros, Losekann disse que o tráfico de drogas responde por 22% dos crimes cometidos pelos presidiários. Entre as mulheres esse índice sobre para 60%.
É importante lembrar que o sistema carcerário brasileiro é o mais cruel, violento e desumano de todo o mundo. No Estado do Espírito Santo, por exemplo, os presos e suas famílias são tratados como animais.
Os presídios brasileiros não recuperam o preso para o convívio social. Na verdade, os presídios brasileiros são as Universidades do Crime no Brasil, devido ao convívio em uma única cela de presos praticantes de diversos tipos de crimes.
Um preso acusado de estelionato, por exemplo, fica em meios a acusados de tráfico de drogas, estupro, assalto a bancos, etc. Ao final da pena, quando posto em liberdade, esse estelionatário terá todo o conhecimento e saber sobre tráfico de drogas, estupro, assalto a bancos, etc.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
ANTONIO CARLOS LACERDA é jornalista correspondente internacional da Imprensa Estrangeira no Brasil. Autor do Coluna, "O Mundo sem Fronteiras" no Zwela Angola
20.8.10
No Brasil, policiais e bombeiros fazem baderna no Congresso Nacional
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
Correspondente Internacional, Zwela Angola
BRASILIA (BRASIL) - ZWELA ANGOLA – Cerca de 200 policiais militares, bombeiros e agentes se segurança penitenciária de todos os Estados do Brasil invadiram o Congresso Nacional, em Brasília, Capital Federal, entraram em luta corporal com a Polícia Legislativa e fizeram uma baderna generalizada, quebrando portas, vidros, danificando móveis, proferindo palavras de ordem e ameaças aos deputados, visando a aprovação de um piso salarial único em todo o País para eles.
Até spray de pimenta e choque elétrico teve de ser usado pela Polícia Legislativa para tentar acabar com o quebra-quebra promovido por policiais militares, bombeiros e agentes penitenciários.
Os policiais militares e os bombeiros querem um piso salarial igual aos seus colegas de Brasília, Capital Federal, conforme determinada a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 300, em discussão na Câmara dos Deputados. Já os agentes penitenciários que ser reconhecidos como policiais penais, através da votação e aprovação da PEC 308.
Atualmente, no Brasil, existe uma disparidade muito grande entre o piso salarial das polícias militares e bombeiros estaduais. O mais alto é o de Brasília, Capital Federal, onde um soldado, o mais baixo posto, em inicio de carreira, ganha R$ 4.056,59 por mês, e um coronel, o mais alto posto, R$15.355,85. A disparidade é que gerou a revolta dos policiais e bombeiros em todo o Brasil.
Os agentes penitenciários se meteram nessa confusão porque a PEC 308, que está no bojo da pauta de votação da Câmara dos Deputados, os reconhece como polícia penal.
Nos estados, informações de bastidores dão conta que os deputados federais que estiverem presentes no esforço concentrado terão de votar e aprovar, de qualquer jeito, um piso salarial único em todo o Brasil para policiais militares e bombeiros, além de reconhecer os agentes penitenciários como policiais penais, sob pena de levarem uma surra.
Em plena campanha eleitoral, os deputados federais tinham prometido retornar a Brasília para, no último encontro antes das eleições de outubro próximo, discutirem e votarem, entre outros assuntos, um piso salarial único nacional para policiais militares e bombeiros e reconhecerem os agentes penitenciários de todo o Brasil como policiais penais.
Mas, agora, depois da invasão do Congresso Nacional, do quebra-quebra, das agressões físicas e da violência registrada em fotos e vídeos, muitos deputados certamente não irão correr o risco de levar uma surra à vista dos eleitores e perderem as eleições.
Com isso, já se fala que a votação do piso salarial único em todo o Brasil para policiais militares e bombeiros e o reconhecimento dos agentes penitenciários como policiais penais, antes das eleições de outubro próximo, está praticamente descartada.
Na pauta do chamado esforço concentrado está a votação das PECs 300 e 308. A primeira institui o piso salarial nacional para policiais militares e bombeiros; e a segunda reconhece os agentes penitenciários de todo o País como policiais penais. Mas, a obstrução feita pelos partidos de oposição pode prejudicar a votação.
Enquanto isso, o Governo quer votar três Medidas Provisórias, entre elas a 487/10, que perde a eficácia em 5 de setembro próximo. Nessa MP é que reside a polêmica, por tratar de três temas, dos quais o mais importante é a transferência de R$ 80 bilhões do Tesouro Nacional para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que já havia recebido R$ 44 bilhões em 2009, por meio da MP 465. Nos dois casos, segundo o governo, o objetivo é ampliar o limite de financiamentos de projetos de longo prazo do setor privado.
O primeiro turno da PEC 300 foi aprovado pela Câmara em 6 de julho deste ano, após quatro meses de discussões do texto-base, quando policiais e bombeiros de todo o Brasil tomaram as dependências da Câmara Federal, em Brasília, onde encurralaram os deputados que, na marra e emparedados, votaram a favor de um piso salarial nacional para a categoria.
Foram 349 votos favoráveis, nenhum contra e nenhuma abstenção. Pela proposta, não haverá valor do salário na Constituição. Além disso, o piso salarial e o fundo que vai garantir o benefício serão definidos em lei complementar, a ser enviada ao Congresso em até 180 dias após a promulgação da emenda.
Originalmente, a proposta previa o piso salarial provisório a policiais e bombeiros militares, de R$ 3,5 mil para praças e R$ 7 mil para oficiais. Proposta para beneficiar mais de 700 mil policiais e bombeiros, a PEC 300 colocou contra a parede os principais partidos políticos.
Tanto o governo federal quanto os governos estaduais faziam restrições à proposta em razão do seu elevado impacto na folha de pagamento, estimado em mais de R$ 3,5 bilhões por ano.
Entretanto, toda a pauta do esforço concentrado na Câmara pode naufragar caso a oposição mantenha sua obstrução. Os oposicionistas só aceitam votar as medidas provisórias de interesse do Governo se for colocado na pauta o projeto que regulamenta a Emenda 29, que fixa os percentuais mínimos a serem investidos anualmente em saúde pelo Governo Federal, por estados e municípios.
A emenda obrigou o Governo a investir em saúde, em 2000, 5% a mais do que havia investido no ano anterior e determinou que nos anos seguintes esse valor fosse corrigido pela variação nominal do PIB.
Os estados ficaram obrigados a aplicar 12% da arrecadação de impostos, e os municípios, 15%. Trata-se de uma regra transitória, que deveria ter sido extinta em 2004, mas continua em vigor por falta de uma lei complementar que regulamente a emenda.
O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, disse que as cidades estão sobrecarregadas por investirem mais em saúde do que o exigido na legislação (12%), enquanto o Governo Federal e a maioria dos estados reduziram investimentos.
“Desde 2008, o governo federal, por exemplo, deixou de investir R$ 57,7 bilhões em Saúde”, afirmou Ziulkoski. Levantamento da entidade aponta que as prefeituras colocaram R$ 81,1 bilhões a mais do que o previsto na área.
O presidente do Sindicado dos Funcionários do Sistema Prisional de São Paulo, João Reinaldo Machado, disse que a invasão foi motivada pelo descumprimento de um acordo entre a categoria o líder do governo, deputado Cândido Vaccareza, e o presidente da Câmara, deputado Michel Temer, candidato a vice-presidente da República na chapa de Dilma Rousseff.
“Devido à queda de braço entre governo e oposição, eles faltaram com a palavra e não colocaram em votação o texto da PEC como havia sido combinado”, disse Machado.
O presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores de Policiais Civis, Jânio Bosco Gandra, afirmou que os policiais pretendem acampar no local. “Não vamos sair. Se a polícia vier, vamos deitar no chão”, disse.
De acordo com o coordenador do movimento em favor da PEC 308, Fernando Anunciação, o grupo não tinha intenção de "criar confusão" com os policiais legislativos. “Depois de uma reunião com integrantes do movimento, nós decidimos acampar em frente ao Plenário como forma de protesto. A gente queria um ato pacífico, mas a polícia não deixou a gente entrar e houve o enfrentamento”.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
ANTONIO CARLOS LACERDA é jornalista correspondente internacional da Imprensa Estrangeira no Brasil.
Autor do Coluna, "O Mundo sem Fronteiras" no Zwela Angola
5.7.10
Panorama Das Exportações Brasileiras
Por Sergio Dias Teixeira Junior
Colunista, Zwela Angola
Sergio Dias Teixeira Junior é professor universitário, nas Universidade Mogi das Cruzes e universidades de São Paulo, Brasil
A abertura mercadológica da década de 90 promoveu um crescimento econômico sem precedentes para o país.
É inegável que a modificação na condução da política econômica internacional do país alterou significativamente a postura do empresariado brasileiro mudando a visão de negócios que havia até então.
A competitividade internacional no Brasil era questionável uma vez que vários setores industriais brasileiros permaneciam confortáveis sob o manto protecionista dos governos passados.
A política de comércio exterior e cambial da época dificultavam o investimento em tecnologia de ponta e marginalizavam alguns setores da economia, que poderiam ter uma participação mais significativa na corrente do comércio exterior brasileiro e cujo resultado foi o sucateamento de grande parcela do parque industrial do país.
Foi com a abertura mercadológica, produzida pelo ex governo Fernando Collor de Mello, que o cenário se alterou sensivelmente, com maior evidência nas exportações, criando inúmeras oportunidades de negócios e promovendo a inserção de novos exportadores neste mercado promissor.
Com base na nova realidade econômica internacional do país, faz-se necessário destacar os principais indicadores da balança comercial com o intuito de comentar o Panorama das Exportações Brasileiras.
Segundo dados estatísticos divulgados no site do Ministério da Indústria Desenvolvimento e Comércio Exterior as exportações brasileiras, de 1999 a 2009, cresceram 218,65% apesar da redução de 22,7% em relação ao ano de 2008.
O Brasil está em 22º lugar na lista dos maiores exportadores do mundo tendo atingido a cifra de US$ 153 bilhões no ano passado.
O saldo comercial, que traduz a diferença entre o resultado das exportações e importações brasileiras, teve uma evolução da ordem de 1630,2% no período de 2001 a 2006, apesar de estar em declínio a partir de 2007.,
De 2006 a 2009 a queda no saldo comercial foi da ordem de 45,436%, fato este atribuído ao crescimento das importações brasileiras e mais recentemente a crise financeira mundial no 2º semestre de 2008.
As exportações brasileiras, apesar da sua evolução contínua a partir de 2000, apresentam uma participação ínfima se comparadas as exportações mundiais com aproximadamente 1,28% em 2009.
A representatividade das exportações brasileiras, no produto interno bruto, tem se comportado de forma decrescente a partir de 2005 atingindo 9,72% em 2009.
As exportações mensais do ano passado foram inferiores se comparadas a 2008 devido a crise financeira internacional chegando em dezembro passado ao mesmo patamar dos valores do final de 2008.
O universo das empresas exportadoras brasileiras, que a partir de 2004 mantém uma média aproximada de 20.814 empresas, revela um dado interessante no que diz respeito aos seus respectivos portes, pois 48,3% das participantes são micros e pequenas empresas.
O restante está dividido entre pessoas físicas, médias e grandes empresas nas quais estas últimas representaram 94,2% do valor total exportado pelo país no ano de 2008.
No que tange as micros, pequenas e médias empresas, estas participaram com 1,2% e 4,5% respectivamente do valor exportado no referido ano.
Essa tendência tem prevalecido a anos no Brasil fazendo com que a concentração de exportações nas grandes empresas represente um dado preocupante já que se trataram de, aproximadamente, 5.508 empresas em 2008.
Também evidencia uma política de comércio exterior claramente direcionada as indústrias de grande e médio portes em detrimento do número maior das micros e pequenas empresas e que não tem acesso aos incentivos do governo devido a razões de ordem burocrática dentre outras.
Com relação as exportações por valor agregado, no ano de 2009, o Brasil vendeu ao exterior uma pauta diversificada de produtos dos quais 44,% são manufaturados, 40,5% de básicos e 13,4% de semimanufaturados.
Se a princípio essa informação é saudável para o país, precisa ser analisada com mais cuidado do ponto de vista qualitativo pois não se refere, necessariamente, a itens de alta intensidade tecnológica. Pelo contrário, a concentração de itens exportados está localizada em mercadorias de baixa e média-baixa intensidade tecnológica cuja participação percentual chegou 65,3% em 2009.
Os cinco estados brasileiros com maior representatividade nas exportações de 2009 estão localizados nas regiões Sudeste e Sul. A participação acumulada deles chegou a 66,66% em 2009 com destaque para São Paulo com 27,76% desse total.
Ao se verificar a participação dos demais estados da União percebe-se que as regiões Centro Oeste, Norte e Nordeste não tem expressão significativa nas exportações do país contudo, alguns dos estados que mais cresceram nas exportações em 2009, comparativamente a 2008, estão nas referidas regiões.
Mais uma vez nos deparamos com uma realidade perigosa que denota a deficiência de uma Política de Comércio Exterior mais equilibrada no país pois acaba privilegiando as regiões mais ricas.
China, Estados Unidos e Argentina foram os destinos de quase um terço das exportações brasileiras em 2009.
O Brasil tem feito esforços para pulverizar as suas exportações e diminuir a dependência dos países denominados tradicionais, através do crescimento constante no destino das vendas internacionais direcionadas a países tais como Bahrein, Benin, Luxemburgo, Moldavia, Madagascar, Montenegro e outros.
Do ponto de vista regional, a Asia foi o destino de 25,8% das exportações brasileiras.
A América Latina e Caribe representaram 23,3% do destino das exportações brasileiras em 2009, dos quais o Mercosul obteve o percentual de 10,3%.
Para a União Européia o Brasil destinou 22,2% do total exportado no ano passado, o que somado a América Latina e Caribe chega a 45,5% das exportações brasileiras para as duas regiões.
Após apresentar os dados do Ministério da Indústria Desenvolvimento e Comércio Exterior, fica fácil entender o Panorama das Exportações Brasileiras e as deficiências nas políticas de comércio exterior conduzidas pelo governo.
Não resta dúvida de que o governo muito contribuiu para uma mudança positiva das exportações brasileiras, porém há muito o que se fazer para obter-se uma performance mais satisfatória nas vendas internacionais. Uma delas se refere a promoção de políticas de comércio exterior direcionadas as micros e pequenas empresas uma vez que estas possuem uma realidade distinta das demais.
Também é necessário repensar o desenvolvimento dos estados brasileiros do ponto de vista das exportações, a fim de potencializar seus resultados de acordo com suas regionalidades.
Por fim o governo precisa continuar estimulando a participação de mais empresas no comércio exterior brasileiro, particularmente nas exportações, através de processos contínuos de desburocratização e investimentos em infraestrutura preparando o país para os novos desafios que virão mas que, com certeza, abrirão novas perspectivas de crescimento econômico.
Por Sergio Dias Teixeira Junior
Colunista, Zwela Angola
Sergio Dias Teixeira Junior é professor universitário, de comércio exterior e logística internacional na Universidade Mogi das Cruzes e universidades de São Paulo, Brasil. Ele é membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior - GECEU.
30.6.10
Prisão de espiões pode esfriar novas relações entre EUA e Rússia
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
Correspondente Internacional
Brasília, Brazil (Zwela Angola) -A prisão de dez supostos espiões russos nos Estados Unidos a serviço da Rússia leva a crer que Washington e Moscou estão pré-destinadas a serem eternas adversárias em uma Guerra Fria sem fim, apesar de ligeiras tréguas, gentilezas e cortesias, que chegam a dar ao mundo relampejos de que finalmente haverá a tão sonhada paz social entre os povos de toda a Humanidade.
Semanada passada, por exemplo, o mundo voltou a imaginar que a tão desejada, sonhada e acalentada paz mundial iria ser alcançada por conta do encontro entre os bem intencionados presidentes Barack Obama, dos Estados, Unidos; e Dmitry Medvedv, da Rússia, na Casa Branca, em Washington, que selou o fim da Guerra Fria entre as duas potências.
Só que o sonho durou menos de uma semana. A prisão de dez supostos espiões russos jogou por terra o sonho da paz social no mundo, que estava sendo cuidadosamente conduzido por Obama e Medvedv, e acompanhado pela diplomacia mundial.
Semana passada, ao afirmar que “o mundo está mais seguro quando os Estados Unidos e a Rússia se dão bem", garantir que qualquer barreira técnica que possa existir contra a entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio “deve ser superada rapidamente” e enfatizar que “a Rússia pertence à OMC", o presidente americano, Barack Obama, colocou um fim, junto com o presidente russo, Dmitry Medvedev, na guerra fria entre as duas potências mundiais, semana passada, em um encontro que tiveram em Washington.
O encontro, que ocorreu na Casa Branca, em Washington, nos Estados Unidos, foi regado de informalidade, descontração e extremamente amistoso entre os presidentes Dmitry Medvedev e Barack Obama, iniciando um novo tipo de relacionamento bilateral entre Estados Unidos e Rússia.
"Insisti com Medvedev que não é só interessante para os EUA e a Rússia o seu ingresso na OMC, mas para todo o mundo. Temos de fazer o possível para concluir o acordo no mais breve prazo", disse Obama.
As novas relações entre Estados Unidos e Rússia estavam tendo uma conotação tão informal e amistosa que os dois presidentes foram, juntos, a uma lanchonete popular nos arredores de Washington, comer hambúrguer com batatas fritas, em meio a pessoas anônimas e retornaram à Casa Branca no mesmo carro, numa demonstração pública da amistosidade que passa existir entre os dois presidentes.
A lanchonete onde os dois líderes resolveram almoçar, de surpresa, fica em Arlington, Virgínia, vizinha de Washington. Obama e Medvedev se acomodaram em uma mesa de dois lugares e pediram hambúrguers. Obama acompanhou seu lanche de um chá gelado e Medvedev preferiu uma Coca-Cola.
Embora ainda existam algumas questões que os dois países alimentam discordâncias recíprocas, o presidente americano afirmou que os Estados Unidos apóiam plenamente a entrada da Rússia na Organização Mundial de Comércio (OMC).
Em uma clara e direta afirmação de que a segurança da humanidade depende do entendimento, da amizade e da confiança recíproca entre as duas potências, Barack Obama enfatizou que "O mundo está mais seguro quando os Estados Unidos e a Rússia se dão bem".
Já há algum tempo a Rússia deseja entrar para a OMC, mas os Estados Unidos insistiam que Moscou deveria garantir os direitos de propriedade intelectual. Entretanto, agora, Obama afirmou que qualquer barreira técnica à entrada da Rússia na OMC será rapidamente superada.
Medvedev e Obama também concordaram em enviar mais ajuda ao Quirguistão, depois dos conflitos étnicos que ocorreram, e o líder russo chegou a dizer que o país está vulnerável a "elementos radicais" e a situação poderá "degenerar". "Estamos muito preocupados com estas condições, os radicais podem chegar ao poder", afirmou o presidente russo.
Os dois líderes também destacaram a cooperação na luta contra o terrorismo e reiteraram o compromisso para ratificar um tratado assinado em abril para reduzir armas nucleares.
Depois de anos de relações frias, Obama afirmou que discussões como essas, com o governo russo, seriam improváveis 17 meses atrás. "Quando assumi a presidência, a relação entre Estados Unidos e Rússia tinha ido talvez para seu ponto mais baixo desde a Guerra Fria. Havia tanta desconfiança e tão pouco trabalho real em questões de interesse comum."
Durante encontro, na Casa Branca, Barack Obama e Dmitri Medvedev chegaram a fizer brincadeiras sobre o famoso telefone vermelho da época da Guerra Fria, substituído, agora, pelo Twitter, que os dois presidentes estão usando para conversarem diariamente sobre problemas mundiais.
Ainda no encontro na Casa Branca, Obama insistiu em dizer que o presidente Medvedev “é um parceiro sólido e "confiável", e enumerou os sucessos da política externa americana e russa nos últimos meses, desde a votação sobre sanções ao Irã na ONU até a conclusão de um novo tratado Start de desarmamento nuclear.
Obama afirmou, também, que iria acelerar o ingresso de Moscou na OMC, agradeceu a Medvedev por ter solucionado um conflito comercial entre ambos os países sobre exportações de aves americanas e anunciou que uma estatal russa estaria para comprar 50 aviões Boeing, avaliados em 4 bilhões de dólares, o que pode criar até 44 mil postos de trabalho na economia americana.
Empresários americanos e russos também se reuniram em Washington, por causa do interesse do presidente russo em atrair investidores para ajudar desenvolver um setor de alta tecnologia do seu país.
Dmitry Medvedev visitou a sede do Twitter e abriu uma conta em nome do Kremlin, que até o encerramento desta matéria, em 28/06/2010, já tinha mais de 40 mil seguidores. Junto com Medvedev, Obama disse: "Eu também tenho uma conta e, talvez, possamos pôr um ponto final nos telefones vermelhos que ficaram tanto tempo por aqui", no que foi apoiado pelo presidente russo.
Logo após o almoço na lanchonete nos arredores de Washington, o presidente russo disse a jornalistas e populares que o abordaram: "Almocei com o presidente Barack Obama num local interessante, tipicamente americano. Não sei se foi bom para nossa saúde, mas foi muito gostoso, e pude sentir o espírito da América".
O presidente russo saudou o "sucesso" da Cúpula sobre Segurança Nuclear, em Washington, e a "mudança de ambiente" nas relações entre Rússia e Estados Unidos. "Seguiremos trabalhando com os Estados Unidos nos problemas globais mais importantes", disse o líder russo, assinalando que Moscou também está preparado para virar a página da tensão com Washington.
Dmitry Medvedv, entretanto, estipulou 30 de setembro como prazo máximo para a conclusão das negociações bilaterais com os EUA para o ingresso da Rússia na OMC. A Rússia terá ainda de fechar acordos similares com seus outros principais parceiros comerciais e assumir os compromissos de incorporação das regras da OMC que, em muitos casos, se confrontam com a legislação nacional em vigor.
O Retrocesso
Quando tudo parecia ir às Mil Maravilhas, um verdadeiro Sonho de Fadas a caminho da paz mundial, com o fim da Guerra Fria entre Moscou e Washington, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou a prisão e o indiciamento de onze pessoas suspeitas de espionar em favor da Rússia no território americano.
O anúncio da prisão provou um enorme retrocesso nos esforços dos presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos; e Dmiry Medvedv, da Rússia, que tinham posto fim à Guerra Fria entre as duas potências.
Os supostos espiões russos são acusados de envolvimento em uma operação secreta de longo prazo orquestrada por Moscou. Segundo o FBI, a Polícia Federal Americana, os supostos espiões receberam treinamento do SVR (o serviço secreto russo) em línguas estrangeiras com o uso de códigos.
Uma vez em solo norte-americano, os supostos agentes russos assumiram nomes fictícios e missões "profundamente encobertas" com o objetivo de se "americanizarem" e reunirem informações sobre os EUA.
Além disso, recrutaram potenciais fontes "nos círculos de formulação de polícia" dos EUA, segundo os documentos apresentados pelo FBI à justiça federal norte-americana em Nova York. Os suspeitos foram acusados formalmente de conspiração para atuar como agente de um governo estrangeiro.
Por sua vez, a Rússia afirmou que prisão dos espiões nos EUA é versão infundada e o caso lembra o tempo da Guerra Fria. "Em nossa opinião, tais ações não tem em absoluto qualquer fundamento e são mal intencionadas", afirmou uma fonte da diplomacia russa.
“As prisões de supostos espiões a serviço da Rússia nos Estados Unidos são uma versão "infundada e mal intencionada" e recordam a época da Guerra Fria”, declarou em comunicado o ministro russo das Relações Exteriores da Rússia, Seguei Lavrov.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia considerou que existem muitas contradições nas informações sobre a detenção de supostos agentes do SVR. Segundo o chanceler russo, Serguei Lavrov, Moscou está à espera de explicações sobre a detenção desses supostos espiões. "Não nos explicaram do que se trata. Espero que expliquem", disse Lavrov.
Segundo o Departamento de Justiça americano, os dez supostos espiões russos foram presos após terem realizado uma "missão clandestina de longo prazo nos Estados Unidos em nome da Federação Russa".
Em sua primeira reação ao escândalo, o ministério russo das Relações Exteriores descreveu como contraditórias e sem fundamento as acusações de que os espiões passaram ao menos dez anos reunindo informações sobre armas nucleares, o mercado de ouro e até mesmo mudanças de pessoal da CIA, a Central de Inteligência Americana.
Seguei Lavrov, chanceler russo, criticou o momento escolhido pelos EUA para a operação, meses depois de um amplo esforço diplomático do governo de Barack Obama para "resetar" a esfriada relação bilateral, e considerou a ação um retrocesso rumo ao status da Guerra Fria.
"Tais ações são sem fundamento e impróprias. Nós lamentamos profundamente que tudo isso tenha acontecido nos bastidores da retomada de relações declarada pela administração americana", disse o chanceler russo em um comunicado à imprensa.
O episódio causa estranheza e levanta dúvidas por ter ocorrido horas depois do presidente russo, Dmitri Medvedev, encerrar uma visita aos EUA, as autoridades americanas decidem revelar ter descoberto um esquema de espionagem da Rússia em solo americano e a prisão de dez dos onze indiciados.
O FBI afirmou que os agentes infiltrados eram parte de um grupo chamado de "ilegais" por Moscou e que adotaram identidades americanas para conseguir entrar em thinktanks e agências do governo americano.
A maioria dos supostos espiões era originalmente da Rússia e foram treinados para se infiltrar secretamente nos EUA. As acusações afirmam ainda que os membros dos "Ilegais" receberam vasto treinamento em comunicação codificada e como evitar serem pegos.
De tudo isso, chega-se à seguinte conclusão: Barack Obama e Dmitry Medvedev são dois presidentes que sonham com a paz entre os povos do mundo, mas, infelizmente, têm junto deles forças poderosas que não querem, a qualquer custo, a paz mundial e lutam para o mundo viver o status de “Guerra Fria” entre a duas maiores potências bélicas do planeta.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
ANTONIO CARLOS LACERDA é jornalista correspondente internacional da Imprensa Estrangeira no Brasill.
Autor do Coluna, "O Mundo sem Fronteiras" no Zwela Angola
Correspondente Internacional
Brasília, Brazil (Zwela Angola) -A prisão de dez supostos espiões russos nos Estados Unidos a serviço da Rússia leva a crer que Washington e Moscou estão pré-destinadas a serem eternas adversárias em uma Guerra Fria sem fim, apesar de ligeiras tréguas, gentilezas e cortesias, que chegam a dar ao mundo relampejos de que finalmente haverá a tão sonhada paz social entre os povos de toda a Humanidade.
Semanada passada, por exemplo, o mundo voltou a imaginar que a tão desejada, sonhada e acalentada paz mundial iria ser alcançada por conta do encontro entre os bem intencionados presidentes Barack Obama, dos Estados, Unidos; e Dmitry Medvedv, da Rússia, na Casa Branca, em Washington, que selou o fim da Guerra Fria entre as duas potências.
Só que o sonho durou menos de uma semana. A prisão de dez supostos espiões russos jogou por terra o sonho da paz social no mundo, que estava sendo cuidadosamente conduzido por Obama e Medvedv, e acompanhado pela diplomacia mundial.
Semana passada, ao afirmar que “o mundo está mais seguro quando os Estados Unidos e a Rússia se dão bem", garantir que qualquer barreira técnica que possa existir contra a entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio “deve ser superada rapidamente” e enfatizar que “a Rússia pertence à OMC", o presidente americano, Barack Obama, colocou um fim, junto com o presidente russo, Dmitry Medvedev, na guerra fria entre as duas potências mundiais, semana passada, em um encontro que tiveram em Washington.
O encontro, que ocorreu na Casa Branca, em Washington, nos Estados Unidos, foi regado de informalidade, descontração e extremamente amistoso entre os presidentes Dmitry Medvedev e Barack Obama, iniciando um novo tipo de relacionamento bilateral entre Estados Unidos e Rússia.
"Insisti com Medvedev que não é só interessante para os EUA e a Rússia o seu ingresso na OMC, mas para todo o mundo. Temos de fazer o possível para concluir o acordo no mais breve prazo", disse Obama.
As novas relações entre Estados Unidos e Rússia estavam tendo uma conotação tão informal e amistosa que os dois presidentes foram, juntos, a uma lanchonete popular nos arredores de Washington, comer hambúrguer com batatas fritas, em meio a pessoas anônimas e retornaram à Casa Branca no mesmo carro, numa demonstração pública da amistosidade que passa existir entre os dois presidentes.
A lanchonete onde os dois líderes resolveram almoçar, de surpresa, fica em Arlington, Virgínia, vizinha de Washington. Obama e Medvedev se acomodaram em uma mesa de dois lugares e pediram hambúrguers. Obama acompanhou seu lanche de um chá gelado e Medvedev preferiu uma Coca-Cola.
Embora ainda existam algumas questões que os dois países alimentam discordâncias recíprocas, o presidente americano afirmou que os Estados Unidos apóiam plenamente a entrada da Rússia na Organização Mundial de Comércio (OMC).
Em uma clara e direta afirmação de que a segurança da humanidade depende do entendimento, da amizade e da confiança recíproca entre as duas potências, Barack Obama enfatizou que "O mundo está mais seguro quando os Estados Unidos e a Rússia se dão bem".
Já há algum tempo a Rússia deseja entrar para a OMC, mas os Estados Unidos insistiam que Moscou deveria garantir os direitos de propriedade intelectual. Entretanto, agora, Obama afirmou que qualquer barreira técnica à entrada da Rússia na OMC será rapidamente superada.
Medvedev e Obama também concordaram em enviar mais ajuda ao Quirguistão, depois dos conflitos étnicos que ocorreram, e o líder russo chegou a dizer que o país está vulnerável a "elementos radicais" e a situação poderá "degenerar". "Estamos muito preocupados com estas condições, os radicais podem chegar ao poder", afirmou o presidente russo.
Os dois líderes também destacaram a cooperação na luta contra o terrorismo e reiteraram o compromisso para ratificar um tratado assinado em abril para reduzir armas nucleares.
Depois de anos de relações frias, Obama afirmou que discussões como essas, com o governo russo, seriam improváveis 17 meses atrás. "Quando assumi a presidência, a relação entre Estados Unidos e Rússia tinha ido talvez para seu ponto mais baixo desde a Guerra Fria. Havia tanta desconfiança e tão pouco trabalho real em questões de interesse comum."
Durante encontro, na Casa Branca, Barack Obama e Dmitri Medvedev chegaram a fizer brincadeiras sobre o famoso telefone vermelho da época da Guerra Fria, substituído, agora, pelo Twitter, que os dois presidentes estão usando para conversarem diariamente sobre problemas mundiais.
Ainda no encontro na Casa Branca, Obama insistiu em dizer que o presidente Medvedev “é um parceiro sólido e "confiável", e enumerou os sucessos da política externa americana e russa nos últimos meses, desde a votação sobre sanções ao Irã na ONU até a conclusão de um novo tratado Start de desarmamento nuclear.
Obama afirmou, também, que iria acelerar o ingresso de Moscou na OMC, agradeceu a Medvedev por ter solucionado um conflito comercial entre ambos os países sobre exportações de aves americanas e anunciou que uma estatal russa estaria para comprar 50 aviões Boeing, avaliados em 4 bilhões de dólares, o que pode criar até 44 mil postos de trabalho na economia americana.
Empresários americanos e russos também se reuniram em Washington, por causa do interesse do presidente russo em atrair investidores para ajudar desenvolver um setor de alta tecnologia do seu país.
Dmitry Medvedev visitou a sede do Twitter e abriu uma conta em nome do Kremlin, que até o encerramento desta matéria, em 28/06/2010, já tinha mais de 40 mil seguidores. Junto com Medvedev, Obama disse: "Eu também tenho uma conta e, talvez, possamos pôr um ponto final nos telefones vermelhos que ficaram tanto tempo por aqui", no que foi apoiado pelo presidente russo.
Logo após o almoço na lanchonete nos arredores de Washington, o presidente russo disse a jornalistas e populares que o abordaram: "Almocei com o presidente Barack Obama num local interessante, tipicamente americano. Não sei se foi bom para nossa saúde, mas foi muito gostoso, e pude sentir o espírito da América".
O presidente russo saudou o "sucesso" da Cúpula sobre Segurança Nuclear, em Washington, e a "mudança de ambiente" nas relações entre Rússia e Estados Unidos. "Seguiremos trabalhando com os Estados Unidos nos problemas globais mais importantes", disse o líder russo, assinalando que Moscou também está preparado para virar a página da tensão com Washington.
Dmitry Medvedv, entretanto, estipulou 30 de setembro como prazo máximo para a conclusão das negociações bilaterais com os EUA para o ingresso da Rússia na OMC. A Rússia terá ainda de fechar acordos similares com seus outros principais parceiros comerciais e assumir os compromissos de incorporação das regras da OMC que, em muitos casos, se confrontam com a legislação nacional em vigor.
O Retrocesso
Quando tudo parecia ir às Mil Maravilhas, um verdadeiro Sonho de Fadas a caminho da paz mundial, com o fim da Guerra Fria entre Moscou e Washington, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou a prisão e o indiciamento de onze pessoas suspeitas de espionar em favor da Rússia no território americano.
O anúncio da prisão provou um enorme retrocesso nos esforços dos presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos; e Dmiry Medvedv, da Rússia, que tinham posto fim à Guerra Fria entre as duas potências.
Os supostos espiões russos são acusados de envolvimento em uma operação secreta de longo prazo orquestrada por Moscou. Segundo o FBI, a Polícia Federal Americana, os supostos espiões receberam treinamento do SVR (o serviço secreto russo) em línguas estrangeiras com o uso de códigos.
Uma vez em solo norte-americano, os supostos agentes russos assumiram nomes fictícios e missões "profundamente encobertas" com o objetivo de se "americanizarem" e reunirem informações sobre os EUA.
Além disso, recrutaram potenciais fontes "nos círculos de formulação de polícia" dos EUA, segundo os documentos apresentados pelo FBI à justiça federal norte-americana em Nova York. Os suspeitos foram acusados formalmente de conspiração para atuar como agente de um governo estrangeiro.
Por sua vez, a Rússia afirmou que prisão dos espiões nos EUA é versão infundada e o caso lembra o tempo da Guerra Fria. "Em nossa opinião, tais ações não tem em absoluto qualquer fundamento e são mal intencionadas", afirmou uma fonte da diplomacia russa.
“As prisões de supostos espiões a serviço da Rússia nos Estados Unidos são uma versão "infundada e mal intencionada" e recordam a época da Guerra Fria”, declarou em comunicado o ministro russo das Relações Exteriores da Rússia, Seguei Lavrov.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia considerou que existem muitas contradições nas informações sobre a detenção de supostos agentes do SVR. Segundo o chanceler russo, Serguei Lavrov, Moscou está à espera de explicações sobre a detenção desses supostos espiões. "Não nos explicaram do que se trata. Espero que expliquem", disse Lavrov.
Segundo o Departamento de Justiça americano, os dez supostos espiões russos foram presos após terem realizado uma "missão clandestina de longo prazo nos Estados Unidos em nome da Federação Russa".
Em sua primeira reação ao escândalo, o ministério russo das Relações Exteriores descreveu como contraditórias e sem fundamento as acusações de que os espiões passaram ao menos dez anos reunindo informações sobre armas nucleares, o mercado de ouro e até mesmo mudanças de pessoal da CIA, a Central de Inteligência Americana.
Seguei Lavrov, chanceler russo, criticou o momento escolhido pelos EUA para a operação, meses depois de um amplo esforço diplomático do governo de Barack Obama para "resetar" a esfriada relação bilateral, e considerou a ação um retrocesso rumo ao status da Guerra Fria.
"Tais ações são sem fundamento e impróprias. Nós lamentamos profundamente que tudo isso tenha acontecido nos bastidores da retomada de relações declarada pela administração americana", disse o chanceler russo em um comunicado à imprensa.
O episódio causa estranheza e levanta dúvidas por ter ocorrido horas depois do presidente russo, Dmitri Medvedev, encerrar uma visita aos EUA, as autoridades americanas decidem revelar ter descoberto um esquema de espionagem da Rússia em solo americano e a prisão de dez dos onze indiciados.
O FBI afirmou que os agentes infiltrados eram parte de um grupo chamado de "ilegais" por Moscou e que adotaram identidades americanas para conseguir entrar em thinktanks e agências do governo americano.
A maioria dos supostos espiões era originalmente da Rússia e foram treinados para se infiltrar secretamente nos EUA. As acusações afirmam ainda que os membros dos "Ilegais" receberam vasto treinamento em comunicação codificada e como evitar serem pegos.
De tudo isso, chega-se à seguinte conclusão: Barack Obama e Dmitry Medvedev são dois presidentes que sonham com a paz entre os povos do mundo, mas, infelizmente, têm junto deles forças poderosas que não querem, a qualquer custo, a paz mundial e lutam para o mundo viver o status de “Guerra Fria” entre a duas maiores potências bélicas do planeta.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
ANTONIO CARLOS LACERDA é jornalista correspondente internacional da Imprensa Estrangeira no Brasill.
Autor do Coluna, "O Mundo sem Fronteiras" no Zwela Angola
Subscribe to:
Posts (Atom)